terça-feira, agosto 23, 2005

Das pequenas coisas...

de sonhadora

a Lua, o sorriso do céu
subir num balão e percorrer o caminho mágico do arco-íris
entrar em um coral de sapos na beira do ribeirão
contar quantos carneiros são precisos para se dormir o dia inteiro
andar nas nuvens, para aprender como se faz algodão doce
saber o número exato de estrelas que estão nesse momento em cima da minha casa no céu estrelado da noite paulistana
ficar muito feliz mesmo por que a formiguinha conseguiu concluir seu trabalho do dia
passar uma manhã conversando com peixes na mais profunda imensidão do mar
sentir o menor grão de areia cair da palma da mão e ouvir o barulho que ele faz quando se junta com outros iguais a ele
deitar na barriga de um leão e fazer carinho na sua juba
ter um nome diferente a cada dia
encontrar o príncipe encantado!

ando sonhando acordada!

domingo, agosto 21, 2005

Das pequenas coisas...


de criança

se enrolar na enorme toalha e esperar o corpo se secar sozinho
não se enxergar no espelho que fica em cima da pia
ter medo do escuro, principalmente daquele na casa da avó
fazer coisa errada, levar bronca, ficar de castigo e levantar no dia seguinte com mais uma lição aprendida
chegar no fim do dia e contar para os pais como foi o dia na escola
esquecer do tempo quando se está brincando
o prazer de abrir um presente e brincar com um brinquedo novo
brigar com o amiguinho e cinco minutos depois estar brincando com ele de novo
achar que os meninos são uns 'indiotas'
ter a melhor festa de aniversário do mundo, brincando de castelo no meio de velhos tijolos em um sítio
ter que aguntar as outras crianças tirando sarro de alguma coisa que você fez ou deixou de fazer
achar que no fim tudo dá certo, que todas as pessoas são felizes e que a coisa mais complicada que existe no mundo é aquele problema de matemática que você não consegue entender de forma alguma....

ando nostálgica!

quinta-feira, agosto 18, 2005

Frases sem nenhuma cor

quase

quase bateu o ônibus que me levava
um homem passou por mim e do outro lado a parede... quase

do trabalho

um choque, uma porta e um microfone... acidente de trabalho?
um e-mail na sexta-feira à noite do chefe dando bronca
escola ou seria trabalho?
faz de conta: ser jornalista
brincando de quebra-cabeça

vida

intensidade nas coisas... só movendo uma de cada vez
sentimentos
amigas
deu pra entender?

queria ter escrito mil textos.
pensei em vários no caminho até em casa.
nenhum deles ficou bom

quarta-feira, agosto 17, 2005

Decisão

Decidi que vou escrever... não necessariamente coisas que façam parte da minha singela vidinha, mas vou escrever sobre qualquer coisa que me passar pela cabeça... não importa o que!
Não se assustem, por favor... e continuem passando por aqui, mesmo que eu demore um pouco pra escrever... prometo ser mais fiel aos meus compromissos literários com o meu blog.

Pra começar

Ando pensando muito nas pessoas que estão à minha volta. Não somente aquelas que fazem parte ativa no meu dia-a-dia, mas também naquelas que simplesmente passam por mim, por acaso, sem deixar muitas marcas, sem dizer uma palavra, sem tanta importância. Agora elas fazem algum sentido.

Já reparou como as pessoas sempre têm pressa? Passam correndo sem ter tempo nem de dar um sorriso. Eu mesma estou sempre muito atrasada para perceber que encontro quase todos os dias com o mesmo rapaz no ônibus. Já conversei com ele algumas vezes, e sei que estuda lá na Universidade. Porém, um dia, o papo que era somente de conhecidos ameaçou cruzar a linha e passar a algo mais intimo: recebi um elogio! Fugi correndo como uma gata com medo do balde de água fria. Pronto, nunca mais nos falamos, e pior, nem nos reconhecemos mais. Acontece.

No mesmo ônibus existem outros personagens repetidos. Nunca conversei com eles, mas já decorei o ponto que vão descer. Juntando essa informação com outras como conversas cortadas, modo como se vestem, uma ligação ou outra no celular, fico brincando de adivinhar o que cada pessoa faz.

Um senhor, simpático e educado, porém com ar de preocupado. Seu ponto é na frente do hospital das clínicas. Só depois de alguns dias reparei que ele sente uma certa dificuldade para caminhar. Parece que está esperando há muito tempo por um atendimento médico, que nunca pode ser feito. Para não perder as esperanças vai todos os dias ao hospital ver se consegue encaixar em algum horário do Doutor. Já fez tantos amigos na fila, que depois que for atendido vai continuar indo para colocar o papo em dia.

Tem a moça que está sempre muito bem vestida, salto alto, camisa discreta, um blazer com saia ou calça social. Ela desce sempre próximo à Paulista. Deve trabalhar em algum banco ou escritório, na frente de um computador, trocando e-mails secretos com o funcionário do quinto andar por quem anda apaixonada. Carrega um leve sorriso no rosto cansado.

Logo depois da moça do sorriso, desce uma menina com olheiras profundas e mochila pesada. Vai quase se arrastando pelos degraus do ônibus até chegar à plataforma do ponto. Nas costas carrega algum conhecimento e o peso da escolha que pretende fazer daqui para frente. Vai todos os dias para as aulas do cursinho e pensa se pode existir tortura maior do que aquela que está passando. Acorda às 7 horas da manhã, corre para as aulas, almoça e estuda até a hora de ir dormir. Não teria tanto problema se já soubesse o que vai ser quando crescer... será que é preciso crescer para escolher ou escolher para crescer? Continua a caminhada mesmo na dúvida.

Chega minha vez. Vou mais uma vez para o trabalho. Na curta caminhada do canteiro central da avenida até a sala sem janelas onde passo quatro horas do dia, vejo muitas outras figuras conhecidas. Estudantes como eu, com suas histórias, suas angústias e alegrias. Cada um reflete sua escolha, mas isso fica para um próximo texto, esse já tá grande demais...