Decidi que vou escrever... não necessariamente coisas que façam parte da minha singela vidinha, mas vou escrever sobre qualquer coisa que me passar pela cabeça... não importa o que!
Não se assustem, por favor... e continuem passando por aqui, mesmo que eu demore um pouco pra escrever... prometo ser mais fiel aos meus compromissos literários com o meu blog.
Pra começar
Ando pensando muito nas pessoas que estão à minha volta. Não somente aquelas que fazem parte ativa no meu dia-a-dia, mas também naquelas que simplesmente passam por mim, por acaso, sem deixar muitas marcas, sem dizer uma palavra, sem tanta importância. Agora elas fazem algum sentido.
Já reparou como as pessoas sempre têm pressa? Passam correndo sem ter tempo nem de dar um sorriso. Eu mesma estou sempre muito atrasada para perceber que encontro quase todos os dias com o mesmo rapaz no ônibus. Já conversei com ele algumas vezes, e sei que estuda lá na Universidade. Porém, um dia, o papo que era somente de conhecidos ameaçou cruzar a linha e passar a algo mais intimo: recebi um elogio! Fugi correndo como uma gata com medo do balde de água fria. Pronto, nunca mais nos falamos, e pior, nem nos reconhecemos mais. Acontece.
No mesmo ônibus existem outros personagens repetidos. Nunca conversei com eles, mas já decorei o ponto que vão descer. Juntando essa informação com outras como conversas cortadas, modo como se vestem, uma ligação ou outra no celular, fico brincando de adivinhar o que cada pessoa faz.
Um senhor, simpático e educado, porém com ar de preocupado. Seu ponto é na frente do hospital das clínicas. Só depois de alguns dias reparei que ele sente uma certa dificuldade para caminhar. Parece que está esperando há muito tempo por um atendimento médico, que nunca pode ser feito. Para não perder as esperanças vai todos os dias ao hospital ver se consegue encaixar em algum horário do Doutor. Já fez tantos amigos na fila, que depois que for atendido vai continuar indo para colocar o papo em dia.
Tem a moça que está sempre muito bem vestida, salto alto, camisa discreta, um blazer com saia ou calça social. Ela desce sempre próximo à Paulista. Deve trabalhar em algum banco ou escritório, na frente de um computador, trocando e-mails secretos com o funcionário do quinto andar por quem anda apaixonada. Carrega um leve sorriso no rosto cansado.
Logo depois da moça do sorriso, desce uma menina com olheiras profundas e mochila pesada. Vai quase se arrastando pelos degraus do ônibus até chegar à plataforma do ponto. Nas costas carrega algum conhecimento e o peso da escolha que pretende fazer daqui para frente. Vai todos os dias para as aulas do cursinho e pensa se pode existir tortura maior do que aquela que está passando. Acorda às 7 horas da manhã, corre para as aulas, almoça e estuda até a hora de ir dormir. Não teria tanto problema se já soubesse o que vai ser quando crescer... será que é preciso crescer para escolher ou escolher para crescer? Continua a caminhada mesmo na dúvida.
Chega minha vez. Vou mais uma vez para o trabalho. Na curta caminhada do canteiro central da avenida até a sala sem janelas onde passo quatro horas do dia, vejo muitas outras figuras conhecidas. Estudantes como eu, com suas histórias, suas angústias e alegrias. Cada um reflete sua escolha, mas isso fica para um próximo texto, esse já tá grande
demais...